O que é o projeto “Melodrama e imaginário moderno”?

05/04/2021 17:35

“Jornal do Brasil”, 7 de janeiro de 1920.

Este projeto pretende discutir a presença do melodrama no periodismo brasileiro, não apenas como um gênero textual propriamente dito, cujo nascimento remonta à Revolução Francesa, mas sim como um modo de imaginação e de leitura característico da modernidade que se articula com a construção das identidades nacionais no dilema entre o sujeito e a coletividade, em especial, na América Latina desde os processos de independência de seus países até a contemporaneidade.

Para tanto, objetiva-se construir um corpus de textos publicados em periódicos brasileiros a partir do século XX nos quais se aborde o melodrama, utilizando em especial acervos digitais em que a busca e o acesso são facilitados por ferramentas virtuais. Esse corpus – de resenhas, notícias, mas também críticas e mesmo fragmentos de folhetins – será discutido a partir das referências por ele realizadas que apontem para a leitura de determinados textos – literários, teatrais, cinematográficos – como “melodramas”, ponderando não apenas a valoração dada ao termo, advindo do teatro popular, mas fundamentalmente as implicações conceituais de se pensar a imaginação melodramática como um modo de ler não apenas textos específicos, mas a própria construção das identidades nacionais modernas.

Paralelamente, será lida a bibliografia teórica que rediscute o conceito de melodrama na contemporaneidade, em especial Martín-Barbero, Brooks, Copjec e Rodríguez-Carranza. Trata-se de uma pesquisa ampla e que pretende se desenvolver em várias fases, mas que inicia focando o início do século XX. Como resultado, pretendemos uma reflexão sobre os determinantes da constituição da leitura brasileira do que seja o melodrama, de modo a pensar a sobrevivência de uma sensibilidade moldada por clichês que produzem efeito de autenticidade.

Estamos desenvolvendo uma base de dados na qual são catalogados textos de jornais brasileiros de 1900 a 1929. O sistema está sendo desenvolvido pela bolsista PIBIC-EM/CNPq Alis Moros Scheibe e pode ser acessado AQUI.